domingo, 30 de agosto de 2009

Um mundo sem diferenças


Grande filósofo chinês em uma de suas viagens. Confúcio, cerca de 500 anos antes de Cristo, foi informado que na próxima aldeia à ser visitada, morava um garoto tido por todos como muito
inteligente e falante. Chegando lá, Confúcio quis encontrar-se com o garoto e fez questão de conversar com o menino; a conversa estendeu-se por várias horas, e quase no final do assunto o garoto citou que era muito estranho admitir que a superfície do planeta era realmente uma combinação, aparentemente disforme e sem sentido, de altitudes diferenciadas, como, por exemplo, montanhas tão altas que nunca perdem sua cobertura de neve eterna ao lado de vales
planícies e até mesmo lagos e rios.

Passaram então a imaginar como construiriam o mundo caso tivessem tal chance?

O menino defendeu a idéia que sua Terra seria perfeita, isto é, sem acidentes geográficos, com a mesma altitude, sem montanhas, lagos ou depressões.
Confúcio encerrou a conversa, e o menino mais inteligente da aldeia ficou vangloriando-se de sua própria idéia: se ele fosse Deus, criaria um novo planeta, perfeito sem diferenças!

Caminhando um pouco mais, no meio da rua Confúcio viu, ao lado de um pequeno córrego, um menino brincando – por coincidência, de idade , próxima à do menino “sábio” da aldeia.
Confúcio foi até ele e brincando perguntou: “ Que tal se você me ajudasse a acabar com as desigualdades do mundo inventando uma nova Terra em que não houvesse diferenças entre as montanhas, os rios, os lagos e - quem sabe até – entre as pessoas”

Por um instante o menino ficou quieto.

Depois de muito refletir, e talvez sem saber direito quem era aquele adulto que passava pela sua aldeia , ele finalmente respondeu ao sábio:

“ Por que acabar com as desigualdades?

Se achatarmos as montanhas, os pássaros não terão mais abrigo.
Se acabarmos com a profundidade dos rios e dos mares, todos os peixes morrerão.
O mundo é muito vasto, muito rico, cheio de oportunidades, por isso, deixe-o com suas diferenças.”

Naquele dia o grande filósofo chinês confirmou, mais uma vez, que sabedoria não está necessariamente na mente daqueles considerados mais sábios, mas sim na daqueles que conseguem perceber o motivo das coisas simples, intrigantes e maravilhosamente desiguais.

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