quarta-feira, 21 de abril de 2010

Exaltação a Tiradentes - Elis Regina

O pequeno Burguês - Martinho da Vila

Aquarela Brasileira - Martinho da Vila

Martinho da Vila '' Tribo dos Carajás


TRIBO DOS CARAJÁS
NOITE DE LUA CHEIA
ARUANÃ !
MENINA MOÇA É QUEM MANDA NA ALDEIA
A TRIBO DANÇA E O GRANDE CHEFE PENSA
EM SUA GENTE
QUE ERA DONA DESTE IMENSO CONTINENTE
ONDE SONHOU SEMPRE VIVER DA NATUREZA

RESPEITANDO O CÉU
RESPIRANDO AR
PESCANDO NOS RIOS
E COM MEDO DO MAR

ESTRANHAMENTE O HOMEM BRANCO CHEGOU
PRA CONSTRUIR, PRA PROGREDIR, PRA DESBRAVAR

E O ÍNDIO CANTOU
O SEU CANTO DE GUERRA
NÃO SE ESCRAVIZOU
MAS ESTÁ SUMINDO DA FACE DA TERRA

ARUANÃ ! ARUANÃ AÇU
É A GRANDE FESTA
DE UM POVO DO ALTO-XINGÚ

BABY CONSUELO - TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO

domingo, 18 de abril de 2010

"LIMITES"



"LIMITES" de Monica Monastério (Madrid-Espanha)

Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história.
O grave é que estamos lidando com crianças mais "espertas", ousadas, agressivas e poderosas do que nunca.
Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao outro.
Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos.
Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos.
Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.
E o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito.
À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudaram de forma radical, para o bem e para o mal.
Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais.
Mas, à medida que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem.
E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E além disso, os patrocinem no que necessitarem para tal fim. E seus palpites também. "Exercem pressão para direcionar a trajetória dos pais, para que isso não atrapalhe seus planos futuros".
Quer dizer: os papéis se inverteram, e agora são os pais quem tem que agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado.
Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e "tudo dar" a seus filhos.
Dizem que os extremos se atraem. ("muitos filhos talvez não tenham a devida força para o enfrentamento dos obstáculos da vida, tal a facilidade que os pais lhe proporcionam" Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.
Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.
É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Os limites abrigam o indivíduo.
Com amor ilimitado e profundo respeito.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Professor Está Sempre Errado



Jô Soares

O material escolar mais barato que existe na praça
é o professor!
Quando…
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um coitado.
Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta às aulas, é um “Caxias”.
Precisa faltar, é “turista”.
Conversa com os outros professores,
está “malhando” os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama à atenção, é um grosso.
Não chama à atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, “deu mole”.
É, o professor está sempre errado mas,
se você conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!

sábado, 10 de abril de 2010

O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO"





EXCELENTE A FRASE ONDE ELE DIZ: " O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO"

José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.


"Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, t ambém ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail.... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite...
Que saudade do compadre e da comadre!!!"

AS AVES QUE AQUI GORJEIAM TAMBÉM GORJEIAM LÁ...CONCORDAM?


























TENHO CERTEZA QUE JÁ VI ESTAS CENAS EM ALGUM LUGAR E VOCÊ?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Páscoa e Manifestações folclóricas

A Páscoa e muitas das manifestações da religiosidade popular e do folclore a ela relacionadas foram introduzidas no Brasil pelo colonizador português. Entre nós, esses elementos da cultura do branco europeu interagiram com outras heranças culturais de negros e índios, resultando uma rica variedade de ritos, usos, crendices e folguedos, muitos deles correndo paralela ou independentemente às normas religiosas oficiais.

Desse complexo de tradições, patrimônio do nosso povo, vale salientar as diversas procissões, vias sacras, cerimônias de autoflagelação, cantorias de Incelenças do Senhor Morto e dramatizações da Paixão e Morte de cristo, que à época do ciclo quaresmal enchem as igrejas e tomam as ruas, os sítios e os sertões, criando entre os mais humildes uma atmosfera respeitosa baseada na identificação com o Cristo sofredor.

Há uma suspensão temporária dos costumes do cotidiano, causada por uma compreensão mágico-ritualística do fenômeno religioso, alterando normas de conduta usuais: maquiar-se, dançar, divertir-se, ter relações sexuais, falar obcenidades, etc.

Outra prática, contrastando paradoxalmente com as recomendações de jejuns e moderação alimentar, diz respeito à rica e variada culinária da Semana Santa, quando peixes, crustáceos, feijão, arroz, temperos verdes, redo, cuscuz e outras iguarias preparadas ao leite de coco são fartamente consuidas, fazendo-se acompanhar de vinhos, hábito recentemente incorporado aos nossos costumes.

Dentre os folguedos, fora o micarene (carnaval que acontece após a missa da Aleluia ou da Ressureição), de origem francesa, há os tradicionais "Judas" e "Serra velho", que subsistem apesar da coibição policial.
a) Judas - costume pouco cristão, oriundo da Penísula Ibérica, consiste na confecção de um boneco de trapos, caracterizando alguém da comunidade - um comerciante avaento, um inimigo-, o qual é depositado à porta da pessoa caracterizada, na noite do Sábado Santo. Sua origem remonta ao tempo da Inquisição e, provavelmente, está relacionada à discriminação e ao preconceito contra os judeus, a quem era atribuída a morte de Cristo e, consequentemente, a causa de todos os males do mundo.
No Nordeste do brasil, além desse uso, ainda conservam-se a " Malhação do Judas" e a "Queima do Judas". Após o julgamento de "Judas" e sua condenação, faz-se a leitura do seu Testamento, tudo em clima de gozação, muitas vezes de maneira desabonadora para os moradores da vizinhança. Depois o "Judas" é enforcado em um poste e malhado (surado) até decompor-se completamente. Ou, então, recheado de bombas de artifício, nele é colocado fogo, resultando em grandes explosões, para delírio dos participantes.
b) Serra- Velho- originado da serração da "Maria Quaresma" dos portugueses, esse folguedo acontece na "quarta-feira de trevas" da Semana santa. Um grupo de jovens, alta hora da noite, chega-se a casa de um idoso da comunidade e, entre lamentos e choros fictícios, serra um pedaço de madeira, enquanto anuncia a morte do velho. Há também, a leitura do seu Testamento, distribuindo-se os seus bens para os presentes.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Símbolos Pascais

O Círio Pascal





Do latim "cerus", significando " de cera", simboliza o próprio Cristo: a cera, produto natural das abelhas, representaria a humanidade de Jesus; e a chama, a sua divindade.

A cada ano, na vigília do Sábado Santo que antecede o Domingo de Páscoa, o Círio Pascal é renovado. nele são engastados cinco cravos ( pregos feitos de resina de incenso), em forma de cruz, que lembrariam as cinco chagas de Cristo. Grava-se, ainda, o ano em curso. Por fim fincam-se as letras alfa e ômega, enquanto é recitada a fórmula: " Cristo, ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ômega, seu é o tempo e a eternidade".

Em seguida, o Círio é aceso e conduzido para o interior do templo, entre aclamações e cânticos de louvor à luz de Cristo, sinal da vitória da Luz sobre as trevas, simbolo do pecado e da morte.

O Círio pascal, que representa jesus, a Luz dos povos (Jo 8,12), permanece aceso durante a Semana da páscoa e outras significativas festas da Igreja ( Ascensão so Senhor , petencostes, natal), e nas celebrações batismais.


Pão e Vinho


Anunciando-se como o pão descido do céu para a vida do mundo (Jo 6 22-59), Jesus se faz alimento perene sob as formas de pão e vinho ( Mt 26, 26-28), depois transubstanciados em seu corpo e sangue, sinais da Nova Aliança entAnunciando Deus e a Humanidade ( 1 Co 11, 23 - 26) - a Nova Páscoa.





O Peixe



A palavra "peixe" em grego - ICTUS-serviu como senha secreta que garantia a identificação e comunicação dos cristãos entre si, durante as primeiras perseguições de que foram alvo, pelo Império Romano. Tomadas isoladamente, as letras referiam-se às iniciais das palavras latinas Iesus Christus Teos Uios Soter ( Jesus Cristo Filho de Deus Salvador).



O Cordeiro

Os primeiros cristãos perceberam no sacrifício ( Paixão e Morte) de Cristo relação com a imolação do cordeiro para consumação na antiga Ceia pascal dos judeus. Assim em vários textos bíblicos do novo testamento, Cristo é citado como o Cordeiro de Deus (jO 1, 29) ou Cordeiro Pascal (1 cO 5, 1-8).




A Cruz

De vergonhoso instrumentode tortura utilizado pelos romanos para supliciar escravos e criminosos, a cruz tornou-se símbolo da redenção (G1 3, 130 e motivo de orgulho (G 6,14) para os cristãos, após a morte de Cristo na cruz.

Ovos de Páscoa


O ovo , pela promessa de vida que encerra, sempre foi tido, desde a antiguidade, por egípcios e chineses, como símbolo da renovação da vida. Entre os germanos (alemães), representava a vida e a fertilidade, seu consumo era proibido durante o período quaresmal, reaparecendo nas refeições do Domingo da Ressureição

Na França (séc. XIII), ovos pintados de vermelho ou azul eram distribuidos nas igrejas, no fim da Semana Santa, analogicamente associados ao sepulcro donde emergiria a vida- Cristo Ressucitado.
Já o ovo de chocolate é uma invenção mais recente, produto da Revolução Industrial ( séc.XIX), e que chegou ao Brasil na década de vinte do nosso século.

Coelho da Páscoa
Discutível simbolo pascal, porém, juntamente com os ovos de chocolate, o Coelho Pascal, por força da persuasão comercial nos meios de comunicação de massa, ultimamente surge com crescente popularidade no período quaresmal, principalmente nos centros urbanos mais desenvolvidos
Querem ver no coelho, especialmente nos países europeus, onde o inverno é rigoroso, um símbolo da fecundidade e da vida que ressurge a cada primavera, derivando daí sua relação com a Páscoa.

A Páscoa Cristã


A Páscoa Cristã celebra um fato novo: a Ressureição de Jesus, aós os dramáticos episõdios que ficaram sendo conhecidos como a sua Paixão e Morte. Tais acontecimentos coincidiram com a festa em que os judeus celebravam a libertação do cativeiro egípcio.

Com efeito, numa quinta-feira, véspera do 14º dia após a primeira lua nova do ano, Cristo reuniu seus amigos para a Ceia Pascal, durante a qual distribuiu aos presentes pão e vinho, afirmando serem seu corpo e sangue. Com isto estabeleceu um novo memorial: a Eucaristia (Santa Ceia ou Comunhão). Na sexta-feira seguinte sofreu o sacrifício da cruz e no domingo ressucitou dentre os mortos (Cf. Lucas, capítulos 22, 23 e 24).

Durante muitos anos, a Páscoa cristã foi festejada no mesmo dia da Páscoa judia, até que o Concílio de Nicéia, no ano de 325 da era cristã, fixou o 1º domingo após o inverno no hemisfério norte como a sua data definitiva.

Esta medida atesta o amadurecimento da experi~encia cristã e, consequentemente, seu progressivo distanciamento e abandono das tradições judaicas, opondo-se à guarda do sábado, dia santificado dos judeus, a observação do domingo, dia que Cristo ressucitou.

Pode-se, também, ver nisso uma estratégia da Igreja para conquistar a adesão dos povos nórdicos, mediante a cristianização dos seus costumes, uma vez que o 1º domingo após o 14º dia da primeira lua nova do ano coincidia com o início da primavera na Europa - entre 22 de março e 25 de abril -, quando estes povos festejavam o término do inverno e a chegada da primavera. Daí "Easter", páscoa em inglês, derivar de "Eostre", deusa da primavera na mitologia anglo-saxônica.

Assim como a antiga Páscoa tornou-se para os hebreus fato determinante para o inicio de sua história como nação, a nova Páscoa representou para os cristãos o início de nova era para a humanidade, superando limites nacionais e etnográficos.

A sua comemoração exigia um período especial de preparação para todos os cristãos, particularmente para os catecúmenos (candidatos ao batismo), recorrendo-se a prolongados exercícios espirituais, jejuns, orações, leituras e doutrinação - a quaresma.

A Quaresma

Quaresma consiste numa preparação iniciática ao mistério pascal. Atualmente ela se prolonga da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Páscoa, período de 40 dias, caracterizando-se pela prática de jejuns, orações, mortificações e abstinência de carne e diversões.

No início do cristianismo, entretanto conforme Santo irineu (segundo século da nossa era), esse período iniciático durava 40 horas, desde a tarde da Quinta- feira Santa até o domingo Pascal, durante o qual nada devia ser comido. A partir do século III, a preparação começava no Domingo de Ramos e o jejum era observado durante toda a Semana Santa. Mas foi com o Concílio de Nicéia (325), que ficou estabelecido o período quaresmal atualmente em uso, ou seja, 40 dias a contar da Quarta-feira de Cinzas.

Quarta-feira de Cinzas

Marca o início do período quaresmal e, na sua forma atual resultou da reelaboração de antigas práticas penintenciais pré-cristãs, comuns a diversos povos do passado. Consistia em alguém vestir-se de saco e cobrir-se de cinzas, a fim de expressar sofrimento e arrependimento.

Na igreja primitiva, durante as penitências públicas para reparação das ofensas e readmissão na comunidade de fé, costumavam os penitentes apresentarem-se vestidos de sacos à porta dos templos, onde os sacerdotes, após reiterados conselhos, entre cânticos e orações, aspegiar-lhes cinzas sobre as cabeças.

Após o Concílio de Nicéia, este uso estendeu-se para toda a comunidade. Atualmente, as cinzas são obtidas pela queima de folhagens bentas no Domingo de Ramos do ano anterior, e no momento da sua deposição sobre a cabeça do penitente, o sacerdote o exorta à mudança de vida, recitando a fórmula: !Converter-te e crede no Evangelho". Anteriormente dizia-se: " Lembra-te que és pó e ao pó deves voltar" (Cf. Gênesis 3,19).

Páscoa



A Páscoa é uma das festas da cristandade, cuja celebração, no decorrer da história, alterou significativamente o modo de estar no mundo de grandes parcelas da humanidade, deixando marcas indeléveis nas artes, na pol´tica, nos costumes, na linguagem e na cultura geral, enfim.

Apesar de tratar-se de um memorial da resureição de Cristo, a Páscoa cristã está intimamente relacionada à Páscoa dos judeus (israelitas), também conhecida como "festa dos pães ázimos", em que se comemora a libertação desse povo do cativeiro egípcio.

A Páscoa Judaica


Candelabro importante para a cultura judaica é o Menorá (hebraico מנורה - menorah).


O Menorá possui sete braços e é um dos símbolos do Judaísmo, juntamente com a Estrela de Davi.



Conforme o texto bíblico ( Êxodo 12, 1-14), a libertação do povo hebreu, que padecia sob o jugo egípcio, foi precedida da passagem do Anjo exterminador, na noite do 14º dia após a primeira lua noa do m\~es de Nisã, de acordo com o calendário judaico. Daí o nome Páscoa, do hebraíco " Pesach", significando "passar por cima".

Naquele dia, orientadas por Moisés, as famílias sacrificaram um cordeiro perfeito, com cujo sangue marcaram as portas das suas casas. À noite, durante a ceia, foi servida a carne do cordeiro com verduras amargas, que lembrariam o amargor da escravidão no Egito, e pães sem fermento (pâes ázimos ou asmos), isto é, de trigo puro, significando a pureza do espírito dos comensais. Tudo realizado em estado de prontidão: vestidos, calçados, com cajado na mão, prontos para a partida.

E eis que passou o Anjo da Morte, exterminando a todos os primogênitos das casas dos opressores, mas poupando as casas marcadas com o sangue do cordeiro, o que causou grande pavor entre os egípcios e resultou na libertação definitiva dos hebreus e sua consequente marcha para a Terra Prometida.

A Páscoa simboliza, pois, a libertação de Israel, e sua celebração anual tomou um caráter de obrigatoriedade, em torno da qual foi-se organizando um conjunto de normas e práticas religiosas e de convivência social determinantes na construção de um profundo sentimento coletivo de povo e de nação para aquela gente.