domingo, 3 de março de 2013

Ser mulher é ser mulher! Para que mais?


By Roberto Romanelli Maia

Uma mulher forte  malha todo dia para manter o corpo em forma.

Mas uma mulher de força  constrói relacionamentos para manter a sua alma em forma.

Sim, uma mulher de força, ao saber-se traída e enganada,  sempre dá uma volta por cima.

Sempre se permitindo uma nova chance.

Sim, uma mulher forte não tem medo de nada...

Mas uma mulher de força  demonstra coragem, em meio as suas dúvidas,
os seus medos e a sua insegurança.

Sabendo que se cair no fundo e um poço dele emergirá com ou sem ajuda.

Sabendo ser forte fingindo que é frágil nos momentos certos.

Sim, uma mulher forte não permite que ninguém tire o melhor dela.

Mas uma mulher de força  dá o melhor de si a todo mundo.

Mesmo sabendo que não merecem!

Uma mulher forte  comete erros e evita os mesmos no futuro.

A mulher de força  percebe que os erros na vida,  também podem ser bênçãos inesperadas.

E aprende com eles
.Através deles. 

Uma mulher forte tem o olhar de segurança na face.

Mas uma mulher de força  tem a graça e a suavidade de uma flor.

Uma flor nascida até mesmo no deserto.

Que sabe o momento de desabrochar.

E de se revelar.

Para o mundo e para os homens.

Sim, uma mulher forte  acredita que ela é forte o bastante  para empreender qualquer jornada.

Mas uma mulher de força  acredita, e tem fé,  que é durante a jornada que ela se tornará forte...
Sim, ser mulher de força  é viver muitas vidas em apenas uma.

Muitas delas descobertas através  da rara sensibilidade e da mágica intuição feminina.

É distribuir emoções e valorizar sensações que  nem sempre são captadas pelo homem.

Sim, ser mulher de força  é não ter vergonha de chorar por amor.

É acreditar em si mesma  quando ninguém mais acredita.

É saber esperar.

Quando todos acreditam que ela não vai mais esperar.

Sabendo esperar sempre por um recomeço.

Cicatrizando as feridas dos outros  mas esquecendo as suas próprias sangrando.

Sim, a mulher de força é tudo isso e muito mais.

É mulher e sempre será ...
A MULHER

DESABAFO - MULHER MODERNA


(sem menção do autor)

"São 6h...

O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede... Estou tão cansada... não queria ter que trabalhar hoje...
Queria ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até...
Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas...  Aquário? Olhando os peixinhos nadarem...
Se eu tivesse tempo... gostaria de fazer alongamento...  Brigadeiro...
Tudo menos sair da cama e ter que engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.  Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a infeliz matriz das feministas que teve a estúpida idéia de reivindicar direitos de mulher... queria saber  PORQUE ela fez isso conosco, que nascemos depois dela...
Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós... elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas
dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, frequentando saraus, ENFIM, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.

Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconsequentes com ideias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço"!!!
Que espaço, minha filha???  Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos seus pés.  Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, pra tudo!!! Que raio de direitos requerer?
Agora eles estão aí, são homens todos confusos, que não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da cruz...
Essa brincadeira de vocês acabou nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda. Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard do vôlei.

PORQUE???..me digam PORQUE um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo? Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava na cara que isso não ia dar certo!!!

Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos combinar, que acessórios usar...  tão cansada de ter que disfarçar meu humor, que sair
sempre correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas que nem são meus!!!

E como se não bastasse, ser fiscalizada e cobrada (até por mim mesma) de estar sempre em forma, sem estrias, depilada, sorridente, cheirosa, com as unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especializações (ufffffffffffffffffff!!!!!!!). ..

Viramos super mulheres e continuamos a ganhar menos do que eles...
Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?

CHEGAAAAAAA!!!... eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta  para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões  cheios de poesia, faça serenatas na minha janela... ai, meu Deus, já são 6:30,tenho que levantar!...,  e tem mais, quero alguém que chegue do trabalho, sente no meu sofá, coloque os pés pra cima e diga
"meu bem, me traz um cafezinho, por favor?",  descobri que nasci para servir.

Vocês pensam que eu tô ironizando? To falando sério! Estou abdicando do meu posto de mulher moderna....  Troco pelo de Amélia. Alguém se habilita?"

(Autora: uma Executiva P... da Vida)!!!!

Mulher Manual de Preservação da Espécie


Fábio Reynol

O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana. Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'. Tomem aqui os meus parcos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

Habitat

Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher. O que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforça diariamente.


Alimentação Correta

Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo' no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar.Flores também fazem parte de seu cardápio. Mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Música ambiente e um espumante num quarto de hotel são muito bem digeridos e ainda incentivam o acasalamento o que, além de preservar a espécie, facilitam a sua procriação.

Respeite a Natureza

Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação.... Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso. Não tolha a sua vaidade. É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Só não incentive muito estes últimos pontos ou você criará um monstro consumista.


Cérebro Feminino não é um Mito


Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.


Não Confunda as Subespécies


Mãe é a mulher que amamentou você e o ajudou a se transformar em adulto. Amante é a mulher que o transforma diariamente em homem. Cada uma tem o seu período de atuação e determinado grau de influência ao longo de sua vida. Trocar uma pela outra não só vai prejudicar você como destruirá o que há de melhor em ambas.Não faça sombra sobre ela. Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar você vai pegar um bronzeado. Porém,se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite

Mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

Este texto foi feito a pedido da Mônica Waldvogel no Saia Justa por conta do Dia Internacional das Mulheres, em 2008. Ela pediu a colaboração para a elaboração de um manual sobre a mulher. Como as mulheres estão desaparecendo aos poucos, a tradicional consciência ecológica do Diário da Tribo me fez lançar uma campanha de preservação muito mais importante que a do mico-leão-dourado, do tubarão branco ou da baleia azul. 'Salvem as Mulheres!'

Participe preservando a sua!  Salvem as Mulheres! Uma campanha do Diário da Tribo sem o apoio do Greenpeace nem do WWF.


www.medicinaintegrativa.net drasandraregina@gmail.com


O Poder desarmado


AUTORA DO TEXTO:Heloneida Studart
(Jornal do Brasil, 06/02/2001)


"Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor.
Vinham da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças.
Levei apenas uma hora para saber o motivo.  Bete fora acusada de não ser mais virgem e os irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra.
Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem.


Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado.
Agarrada pelos cabelos e dominada,não conseguiu passar no exame ginecológico.  O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo.  Realmente; esqueceu, morrendo tuberculosa.
Estes episódios marcaram para sempre, e a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?

Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar.  Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos.  Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas.  Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas.
Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba.  Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens.
E, com isso, Barbies de facaria, provocaram em muitas outras mulheres - as baixinhas, as gordas, as de óculos - um sentimento de perda de auto-estima.
Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças.  Em que mulheres se afirmam na magistratura,na pesquisa científica, na política, no jornalismo.
E, no momento em que as pioneiras do minismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo. 

Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade.
Até porque elas são desarmadas pela própria natureza.
Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais.
Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas.
Ninguém lhe dá, na primeira infância,um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência.
As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.

Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência.  É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz.  E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher.  Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa.
Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos.  Respeito ao seu dorso que engrossou,porque elas carregam o país nas costas.  São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer à ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.
"Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.“




Canção da mulher

Lya Luft

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco — em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.
Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”

Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”

Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais um?”

Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa — uma mulher. 

Um homem atraente, de meia idade, entrou em um bar e se sentou. Antes de fazer o pedido não deixou de perceber que um grupo de homens mais jovens que bebiam em uma mesa perto da sua, riam dele.

Somente quando se lembrou da pequena fita rosa que levava na lapela de seu blazer foi que se deu conta que se tratava de uma gozação.

O homem não deu maior importância, mas os insistentes risos na mesa vizinha começaram a incomodá-lo. Olhou a um dos homens diretamente nos olhos, levou o dedo até a lapela e apontou a fita: “Isto?” Com este gesto todos os homens da mesa riram abertamente.

O homem ao qual dirigiu o olhar lhe disse: “Desculpe amigo, mas estavamos comentando como está bonito com esta fitinha rosa no blazer azul”.

Com toda calma, o homem fez um gesto para o gozador convidando-o a se aproximar e sentar com ele à sua mesa. Ainda que estivesse bastante incomodado o homem mais jovem se aproximou e sentou-se. O homem mais velho com uma voz muito calma lhe disse: - “Uso esta fita para chamar atenção sobre o câncer da mama”.

“Eu uso em honra à minha mãe". - ”Sinto muito, amigo, Ela morreu de câncer da mama? ". - "Não. Ela está sadia e muito bem. Mas seus seios me alimentaram quando eu era um bebê e foram abrigo quando tive medo ou me senti só em minha infância. Estou muito agradecido aos seios de minha mãe e por sua saúde”. "Entendo", respondeu o outro, não muito convencido.

"Também uso esta fita para honrar à minha mulher", continuou dizendo o homem.”E ela também está bem?"  "Claro que sim. Seus seios foram fonte de amor... Com eles alimentou a nossa bela filha de 23 anos. Estou muito grato pelos seios de minha mulher e por sua saúde".  ”Já sei. Suponho que também usa a fita para honrar a sua filha".

"Não. É muito tarde para isto. Minha filha morreu de câncer da mama faz um mês. Ela pensou que era muito jovem para ter câncer, assim quando acidentalmente notou uma pequena protuberância, a ignorou. Ela pensou que, como não a incomodava, nem doía, não havia com que se preocupar".

Comovido e envergonhado o estranho disse : ”Sinto muito, senhor."
- "Portanto, também em memória de minha filha uso esta fitinha com muito orgulho. Isto me dá oportunidade de falar com os outros. Quando voltar para a sua casa fale com a sua esposa, suas filhas, sua mãe, suas irmãs, suas amigas. Tome...", o homem buscou no bolso e entregou ao outro uma pequena fita rosa. Ele a pegou, olhou-a, lentamente levantou a cabeça e lhe disse: “Poderia me ajudar a colocá-la?"

Incentive às mulheres que você gosta a praticar regularmente o auto-exame das mamas e a fazer uma mamografia uma vez ao ano.


Texto Martha Medeiros publicado na Revista do O Globo



 .
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito praze!
Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites,procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.
Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias!
Tempo para uma massagem...
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante,charmoso e inteligente do que ser independente.

Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente,está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.