Lya Luft
Que o
outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas
demais.
Que o
outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas
entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o
outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se
estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou
agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o
outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco — em
lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez
seu medo ou sua culpa.
Que se
começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie
logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que
quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o
outro não me exponha nem me ridicularize.
Que
quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de
mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”
Que se eu
peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais
um?”
Que se eu
eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro
ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que,
finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo
ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e
gloriosa, assustada e audaciosa — uma mulher.
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